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Blog do Flavio Siqueira

Certa tarde, ainda quando morava em Porto Alegre, comecei a mexer em algumas inagens para produzir um video. De repente senti uma energia diferente, forte e resolvi deixar que fluisse. Um texto chamado “eu sou” ganhava forma, como se jorrasse da minha mente, como se cada palavra estivesse pronta e simplesmente aparecesse. Foi algo único e incrivel, não tinha nada a ver com o que eu ia fazer. Aquela tarde ficou marcada pela experiencia tão especial que teve como fruto o video abaixo:

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Para o pequeno sabotador interno

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Venho por meio desta manifestar o meu repúdio pelo seu recente comportamento. Você estragou tudo, mais uma vez.Quando me aprontava para sair, disse que eu estava feia. Quando experimentei outra roupa, insinuou que eu já não tinha idade para usar aquilo. Quando cheguei ao meu compromisso, não me deixou falar o que eu havia pensado. E, no final, ainda conseguiu me fazer ser grossa, apressando as despedidas.Ora, quando você irá crescer? Cansei da sua irresponsabilidade. Compreenda, de uma vez por todas, que estamos no mesmo barco. Se afundo, você vai junto – será que esta metáfora não está óbvia o suficiente?Não me venha, portanto,com argumentos de homem-bomba. Se você discorda de mim tanto assim, por que não vai embora daqui de dentro? Abaixe esse punhal, apontado para as minhas costas, e cave com ele um túnel de fuga se for necessário. Não podemos é continuar desse jeito, nessa burra relação autodestrutiva, em que o conteúdo fura a própria embalagem.Até quando você me elogia é com o intuito de me derrubar, já percebeu? Faz com que me acredite linda e sagaz para, no instante seguinte, rir dos meus tropeços. Dizendo “não falei?”, com aquela sua cara de madrasta. Torpedeando minhas forças ainda durante os planos de ataque. Minando meus passos ao pisá-los comigo.Chega, então. Paremos com isso, antes que acabe em tragédia. Antes que, na falta de um gesto meu, por você evitado, eu desabe em escombros. Quero, mais do que nunca, me arrepender depois do que digo e do que faço. Abro mão, com alegria, de todos os seus péssimos sábios conselhos. A vida é curta demais para tamanha precaução e longa demais para se repetir os mesmos erros.Sim, cheguei a me divertir em sua companhia, quando ainda conseguia ver algum charme no insucesso. Tempos passados. Hoje, luto com unhas e dentes para que tudo dê certo. E das suas idéias, sempre cheias de lógico pessimismo, preciso distância.Não pretendo, porém, uma separação litigiosa, pois sei que você conhece todos os meus pontos fracos e aguarda apenas uma boa oportunidade para atingi-los. Com suas observações de última hora, mortalmente precisas. Proponho, isto sim, um cessar-fogo: você deixa de me dar conselhos e eu imediatamente deixo de segui-los. Parece-me uma trégua justa.Não te desejo mal — entendo que você fez o que tinha de fazer, muitas vezes com a minha velada cumplicidade. Mas estou pronta a ir até o fim nessa luta, a tirar você de mim quanto antes. Saiba que, a partir de hoje, você está como imigrante ilegal aí dentro. E pode até conseguir fugir por um tempo, escondendo-se em subterfúgios. Seus dias de impunidade, entretanto, estão contados.Se você não me atrapalhar, é claro.
Fernanda Yong

Tropa de Elite osso duro de roer …

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Semana passada fui assistir Tropa de Elite 2. Muito bom filme, para quem gosta do estilo. Faltou mais porrada nos bandidos, só um político leva uma sova do Coronel, e esse foi o momento arrancou aplausos da platéia. A última vez que vi isso foi em Batman, o Filme. Só faltou orelhas pontudas ao Wagner Moura.

Mas interessante que diferentemente de quando assisto um filme policial gringo , saí do cinema com uma sensação de vulnerabilidade ante a violência e a corrupção que nos ronda tão de perto o tempo todo. Um gosto amargo de impotência diante desse ser “multicéfalo”, essa potestade que habita a dimensão do invisível chamada de “O Sistema” pelo Coronel Nascimento. É uma história com bandidos,vítimas e anti-heróis, mas nenhum salvador.

A pergunta que lateja na minha cabeça cafeínada: Como se vive sem a esperança da fé num mundo assim?

Eu não faço idéia.

Quem pode entender o caminho de um homem com um mulher?

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Há três coisas que são maravilhosas demais para mim; sim, há quatro coisas que não entendo: o caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar, e o caminho de um homem com uma mulher.

A confissão da Sabedoria no livro de Provérbios nos diz que um dos mais indevassáveis mistérios humanos nesta existência é o caminho de um homem com uma mulher.

Quando há amor, encontro, desejo, vínculo, irmandade, jugo existencial dividido justa e harmonicamente; quando o que os vincula é mais forte do que a morte; quando dois se fazem um em uma simbiose sadia; quando suas mentes vão se tornando uma só; quando seus sonhos na vida se tornam comuns; quando seu tesouro é um ter o outro; quando até os filhos são menos do que os dois são um para o outro; quando até os desencontros os aproximam mais… — então, diz a Sabedoria, se está diante de um mistério…: o caminho de um homem com uma mulher…

O que faz tal encontro que faz encontrar… acontecer como encontro real e definitivo?

Ora, é na confissão de ignorância que a Sabedoria lança luzes sobre o fenômeno…

Sim, é pelas coisas que são maravilhosas demais para serem entendidas [três coisas…] que o sábio busca luz para melhor discernir o mistério mais profundo, que é mais que “maravilha”…, sendo de fato aquilo que não entendemos…: o caminho de um homem com uma mulher.

Dentre as coisas maravilhosas demais, diz o sábio, há três que o deixam perplexo…

O caminho da águia no céu…

É caminho altaneiro, com direção e objetivo, com olhar que vê ao longe, com visão perspectiva e prospectiva, com intenção de trazer comida ao ninho, com o instinto de que os bens ganhos devem ser divididos com quem espera por nós no ninho feito nas alturas da esperança…

Além disso, é um caminho leve, entregue ao vento, capaz de planar, de se deixar levar, de descansar no tapete do vento enquanto olha o que pode ser alimento e vida…

Desse modo, o caminho da águia no céu é feito de direção e objetividade de propósitos, tanto quanto é feito de leveza e de confiança no vento; e mais: leva em si o paradoxo de ser objetivo e, ao mesmo tempo, leve e solto…

O caminho da cobra na penha…

É caminho na rocha, por isto é uma vereda sem marcas e sem pegadas… Não há rastros… Não há manchas para trás… Sim, as marcas são as da não marcas… Sim, trata-se da vereda que não traumatiza e não assusta para o mal… Não há surpresas… Não há marcas “paralelas”… De fato, não há pegada alguma…

O caminho do navio no meio do mar…

É o caminho de quem não se assusta com as vagas, os vagalhões, com as ondas gigantes, com os monstros marinhos, e com o abismo…

Sim, é caminho que se guia [no passado…] apenas pelos céus, pelos mapas escritos nas estrelas, pelas veredas feitas de marcas superiores; acima, fixas, imutáveis…; e, por isto, mesmo não entendendo o mar, o marinheiro de três mil anos atrás singrava a morte dos oceanos apenas olhando para os céus…

Ora, são essas “maravilhas” que iluminam o mistério do caminhar entre um homem e uma mulher…

Sim, pois o caminho de um homem com uma mulher não é para ser entendido ou anatomizado…

Não! O caminho de um homem com uma mulher é para ser vivido, não para ser explicado…

Aliás, relações que se explicam muito têm quase sempre nada em si mesmas…

Os vínculos que perduram são os que estão para além de qualquer explicação humana…

É!… São… Basta ser…     

Entretanto, embora eu não entenda o caminho de um homem com uma mulher, sei, todavia, que seu modo é como o da águia no céu, como o da cobra na rocha e como do navio solto no meio do oceano há mais de três mil anos…

Portanto, o que faz possível o misterioso caminho de um homem com uma mulher, à semelhança da vereda da águia, é sua decisão de caçarem juntos, de buscarem as mesmas coisas, de se referenciarem pelo mesmo monte, pelo mesmo ninho, pelos mesmos filhos, pela mesma noção intrínseca de objetivo, propósito e direção… Isto, ao mesmo tempo em que se confia também no vento, no improviso, na flexibilidade, nas correntes de ar, na leveza enquanto de busca o objetivo comum…

Do mesmo modo o caminho de um homem com uma mulher não se explica, mas se maravilha ante a possibilidade de se viver uma vida sem marcas alheias, sem manchas, sem passado ou presente de traição, sem mágoas, sem trilhas estranhas…

Quem anda na rocha não deixa marcas para trás…

Quem, como uma cobra, anda na rocha, menos marcas ainda deixará para trás…

Assim, o caminho de um homem com uma mulher será tão mais misterioso quanto mais limpo e simples ele seja…

Além disso, o caminho de um homem com uma mulher é apenas possível ante a escuridão dos fatos, da vida, da turbulência da existência, das vagas imensas e das subitezas de toda sorte de tempestades… — se o caminho for feito acima do imediato e dos seus monstros inevitáveis; e isso só é possível quando os “marinheiros” desta travessia olham e se guiam apenas pelos sinais dos céus…

Havendo tais coisas, apesar de misterioso e inexplicável, o caminho de um homem com uma mulher será possível…

Sim, com direção e leveza, com andar limpo e sem marcas e manchas, com orientação que transcenda os tumultos do imediato e de seus oceanos de perigo…

Ora, sem tais coisas não vale a pena entregar-se à aventura…

Seria como uma águia sem rumo e sem direção…; como uma cobra na lama, atolada e cheia de marcas de suas revolvencia…; ou como um navio antigo, há milhares de anos, insistindo em viajar por mares perversos sem olhar para o único meio possível de orientação: os céus!…

Hoje, muitos querem o caminho de um homem com uma mulher, mas, sem a direção comum, sem a leveza no processo, sem a limpeza no andar, sem os céus a guiar…

Portanto, o que tais pessoas têm é apenas a rapinagem da águia sem ninho e sem compromisso com filhotes e com aquela que deles cuida; sem a honra de um caminhar que não tem o que esconder; sem o olhar superior que vence o mundo… — e, apesar de nada disso haver neles e para eles…, querem assim mesmo que o caminho seja maravilhoso, misterioso e lindo…

Sem direção e leveza, sem pureza e simplicidade, sem os mapas do céu… — o que sobra é o abismo, não o mistério…  

Não se deve brincar com tais coisas…

Loucos ou loucas são todos aqueles que dão as mãos para fazerem a viagem juntos…, mas sem o compromisso com os objetivos comuns e com leveza do fazer; sem a pureza do andar, e sem o mapa superior, que, para nós, é o Evangelho: único caminho seguro para que alguém se atreva a atravessar os oceanos…

Esta viagem… é apenas para aquele que tem no coração as veredas superiores, o caminho de cima…

É assim que é…

E quem não andar assim, não deve tomar ninguém pela mão e propor viagem alguma…

Sim, que pelo menos se perca…, se suje… e se abisme sozinho pelas vias da existência…, mas não leve uma vítima para o nada…

 
Nele, em Quem e de Quem vem tal sabedoria,
 
Caio
7 de junho de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
http://www.caiofabio.com
http://www.vemevetv.com.br

Aos Pregamores do Evangelho!

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Pregar o Evangelho com palavras e com a dedicação de quem vive apenas para fazê-lo, é como a existência de um cozinheiro, cujos elementos usados para cozinhar são encontrados apenas no jardim/pomar da Palavra que esteja plantada em seu coração.

Encontrados os elementos, o cozinheiro os põe nas panelas de seu ser para preparar.

Uma vez que tudo esteja pronto nele/panela, ele, que é também o Chef, prova antes em si mesmo, e, estando bom, ele serve aos demais.

O problema é o pregador Fastfood…

Ele compra pronto…

Ele encomenda…

Ele pede no Delivery…

Ele tem que viver fazendo promoções…

Assim, o negócio da vida dele passa ser o de dono de restaurante de franquias consagradas…

Pregador!

Seja uma pregamor!

Sirva apenas o que for comida verdadeira em seu próprio coração, alimento plantado nele, colhido nele, e preparado por você, em você, para você; e, depois, só depois, para os outros; aos quais você servirá com alegria de um servo que se apresenta diante do Rei com os melhores e mais excelentes pratos, tanto em sabores quanto na saúde de seus conteúdos.

Caio
Domingo, dia 17 de maio de 2009
Lago Norte
Brasília – DF

A escolha entre o caminho e o clube

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Há dois modelos básicos de igreja. Há os chamados para fora… e os chamados para dentro.

Igreja, de acordo com Jesus, é comunhão de dois ou três… em Seu Nome… e em qualquer lugar… E mais: podem ser quaisquer dois ou três… e não apenas um certo tipo de dois ou três… conforme os manequins da religião.

Igreja, de acordo com Jesus, é algo que acontece como encontro com Deus, com o próximo e com a vida… no ‘caminho’ do Caminho.

Prova disso é que o tema igreja aparece no Evangelho quando Jesus e Seus discípulos estavam no ‘caminho’ para Cesareia de Filipe: um lugar ‘pagão’ naqueles dias.

Assim, tem-se o tema igreja tratado no ‘caminho’ e em direção à ‘paganidade’ do mundo.

Para Jesus o lugar onde melhor e mais propriamente se deve buscar o discípulo é nas portas do inferno, no meio do mundo! Não posso conceber, lendo o Evangelho, que Jesus sonhasse com aquilo que depois nós chamamos de ‘igreja’.

Digo isto porque tanto não vejo Jesus tentando criar uma comunidade fixa e fechada, como também não percebo em Seu espírito qualquer interesse nesse tipo de reclusão comunitária.

No Evangelho o que existe em supremacia é a Palavra, que tanto estava encarnada em Jesus como era o centro de Sua ação. No Evangelho nenhuma igreja teria espaço, posto que não acompanharia o ritmo do reino e de seu caminhar hebreu e dinâmico.

Jesus escolhe doze para ensinar… não para que eles fiquem juntos. Ao contrário, a ordem final é para ir… Enfim… são treinado a espalhar sementes, a salgar, a levar amor, a caminhar em bondade, e a sobreviver com dignidade no caminho, com todos os seus perigos e possibilidade (Lc 10).

No caminho há de tudo. Jesus é o Caminho em movimento nos caminhos da existência. E Seus discípulos são acompanhantes sem hierarquia entre eles.

No mais… as multidões…, às quais Jesus organiza apenas uma vez, e isto a fim de multiplicar pães. De resto… elas vem e vão… ficam ou não… voltam ou nunca mais aparecem… gostam ou se escandalizam… maravilham-se ou acham duro o discurso…

Mas Jesus nada faz para mudar isto. Ele apenas segue e ensina a Palavra, enquanto cura os que encontra.

Ao contrário…, vemos Jesus dificultando as coisas muitas vezes, outras mandando o cara para casa, outras dizendo que era preciso deixar tudo, outras convidando a quem não quer ir…; ou mesmo perguntando: Vocês querem ir embora?

Não! Jesus não pretendia que Seus discípulos fossem mais irmãos uns dos outros do que de todos os homens.

Não! Jesus não esperava que o sal da terra se confinasse a quatro dignas e geladas paredes de maldade.

Não! Jesus não deseja tirar ninguém do mundo, da vida, da sociedade, da terra… mas apenas deseja que sejamos livres do mal.

Não! Jesus não disse “Eu sou o Clube, a Doutrina e a Igreja; e ninguém vem ao Pai se não por mim”.

Assim, na igreja dos chamados para fora, caminha-se e encontra-se com o irmão de fé e também com o próximo que não tem fé… e todos se trata com amor e simplicidade.

Em Jesus não há qualquer tentativa de criar um ambiente protegido e de reclusão; e nem tampouco a intenção de criar uma democracia espiritual, na qual a média dos pensamentos seja a lei relacional.

Em Jesus o discípulo é apenas um homem que ganhou o entendimento do Reino e vive como seu cidadão, não numa ‘comunidade paralela’, mas no mundo real.

Na igreja de Jesus cada um diz se é ou não é…; e ninguém tem o poder de dizer diferente… Afinal, por que a parábola do Joio e do Trigo não teria valor na ‘igreja’? Na igreja de Jesus… pode-se ir e vir… entrar e sair… e sempre encontrar pastagem.

O outro modo de ser igreja é, todavia, aquele que prevaleceu na história. Nele as pessoas são chamadas para dentro, para deixar o mundo, para só considerarem ‘irmãos’ os membros do ‘clube santo’, e a não buscarem relacionamentos fora de tal ambiente.

A comunidade de Jerusalém tentou viver assim e adoeceu!

Claro!

Quem fica sadio vivendo num mundo tão uniforme e clonado?

Quem fica sadio não conhecendo a variedade da condição humana?

Quem fica sadio se apenas existe numa pequena câmara de repetições humanas viciadas?

Sim, quem pode preservar um mínimo de identidade vivendo em tais circunstâncias? Nesse sapatinho de japonesa?

É obvio que os discípulos precisam se reunir…, e juntos devem ter prazer em aprender a Palavra e crescer em fé e ajuda mutua. Todavia, tal ajuntamento é apenas uma estação do caminho, não o seu projeto; é um oásis, não o objetivo da jornada; é um tempo, não é o tempo todo; é uma ajuda, não é a vida.

De minha parte quero apenas ver os discípulos de Jesus crescendo em entendimento e vida com Deus, em amizade e respeito uns para com os outros, em saúde relacional na vida, e com liberdade de escolha, conforme a consciência de cada um.

O ‘ajuntamento’ que chamamos igreja deve ser apenas esse encontro, essa estação, esse lugar de bom animo e adoração.

O ideal é que tais encontros gerem amizade clara e livre, e que pela amizade as pessoas se ajudem; mas não apenas em razão de um certo espírito maçônico-comunitário, conforme se vê… ou porque se deu alguma contribuição financeira no lugar.

A verdadeira igreja não tem sócios… Tem apenas gente boa de Deus… e que se reúne e ajuda a manter a tudo aquilo que promove a Palavra na Terra.

Tenho pavor de comunidades!

Elas são ameninantes para a alma, geram vilas de doenças, produzem inibição dos processos de individuação, e tornam os homens eternos imaturos… sempre com medo do mundo e da vida.

Sem falar que em todo mundo muito pequeno, como o da ‘comunidade’, as doenças tendem a aumentar… e a ganhar caras e contornos de perversidade travestida de piedade…

É o que eu chamo de peidade!

Fica todo mundo querendo se meter onde não foi chamado… É um inferno!

No ‘Caminho da Graça’ estou tentando levar as pessoas a esse entendimento e a essa maturidade, e não tenho nenhuma outra vontade interior de fazer daquilo mais uma ‘igreja’.

Quero ver pessoas que sejam ‘gente boa de Deus’; gente descomplicada e desviciada de ‘igreja’; gente que aprenda o bem do Evangelho primeiro para si e em si mesmas…, e apenas depois para fora…

Portanto, não se trata de um movimento ‘sacerdotal’, intimista e fechado; mas sim de um andar profético, aberto e continuo…

Lá não se busca a média da compreensão… Ao contrário, lá se força a compreensão…

Lá só fica quem realmente quer… e não tento jamais dissuadir ninguém ao contrario de sua vontade.

Não há complicação. Tudo é muito simples.

E quem não achar que serve, está sempre livre a achar o que lhe agrada em qualquer lugar.

Ou não foi assim que Jesus tratou a tudo no caminho?

A escolha que se tem que fazer é essa: ou se quer uma ‘comunidade’ que existe em função de si mesma, e para dentro; ou se tem um ‘caminho de discípulos’, e que se encontram, mas que não fazem do encontro a razão de ser da vida.

A meu ver, no dia em que prevalecer o modelo do ‘caminho’, conforme Jesus no Evangelho, a vida vai arrebentar em flores e frutos entre nós e no mundo à nossa volta; e as pessoas serão sempre muito mais humanas, descomplicadas e sadias… Mas se continuar a prevalecer o modelo ‘comunitário de Jerusalém’… que de Jerusalém tem apenas o intimismo e o espírito sectário… não se terá jamais nada além do que se teve nesses últimos dois mil anos; ou seja: esse lugar de doentes presunçosos a que chamamos de ‘igreja’.

Para isto… para esta coisa… não tenho mais nenhuma energia para doar. Mas para a vida como caminho, ofereço meu coração mais jovem do que nunca.

Caio

Julho de 2005
Academia de Tênis
Brasília